O consumo de drogas por jovens é assunto de debate na Suprema na próxima quarta-feira, 24. Com o tema "Consumo de Drogas líictas e ilíictas por jovens", a professora de psicologia Daniela Belchior Mota realiza uma palestra no Anfiteatro da Faculdade e discute com alunos e professores as bases conceituais do uso, dependência e tratamento em drogas lícitas e ilícitas, além de abordar o papel interdisciplinar dos profissionais da saúde.

Para a docente, essa interdisciplinaridade traz benefícios para o paciente em tratamento, uma vez que o mesmo visa melhorar a qualidade de vida em todos os aspectos, seja social, psíquica ou fisicamente. "O tratamento de um paciente com abuso e/ou dependência de drogas não é como um tratamento de uma virose. Não é apenas com medicação que vamos atingir os objetivos, por isso é importante a atuação de vários profissionais. A recomendação é analisar cada caso", comenta.

Ainda sobre o papel do profissional da saúde, Daniela diz que ele é muito útil ao trabalhar com a prevenção e na saúde primária e secundária do paciente. Ela traz consigo dados epidemiológicos que mostram o atual consumo de substâncias, lícitas ou não. Ela vai de encontro ao senso comum, que insite em afirmar que o Brasil vive uma "epidemia" de drogas, como maconha e crack. "Claro que o consumo de substâncias lícitas é maior, porque estão dentro da legalidade e são aceitas socialmente. O álcool e o tabaco são as mais usadas". Sobre o crack, a professora afirma que no Brasil não há e nem nunca houve uma epidemia da substância. "O que ocorre com o crack é uma epidemia de miséria social, porque os usuários e dependentes também utilizam outras drogas como o álcool".

O debate proposto pela Suprema pretende jogar luz sobre um tema ainda pouco explorado dentro das faculdades de ciências médicas. "Um dos problemas que temos na área é a formação dos profissionais da saúde, que é deficitária. Geralmente eles se deparam com essas questões na prática, não são formados para isso. Muitas vezes o uso e abuso de drogas é interpretado como questão moral e não de saúde pública".

Daniela explica que não existe um único fator que leve ao uso de substâncias tóxicas. Deve-se olhar uma série de conjuntos que trazem benefícios para o usuário. "É um encontro de personalidade com outros fatores, a pessoa procura a droga para ter prazer e desprazer e enfrentar as dificuldades da vida". A palestrante ainda explica a diferença entre uso, abuso e dependência, e ressalta que são questões distintas. O uso consiste em experimentar e não causar problemas, como geralmente ocorre com usuários de cerveja. Já o abuso está caracterizado quando começa a causar danos físicos, psicológicos ou sociais. E a dependência já é um transtorno, física ou psicológico que deve ser avaliado por um médico. "A dependência aponta como uma importância na vida do sujeito e é preciso identificar o padrão de uso e realizar o tratamento especializado em cima disso."

Daniela é Doutora em Psicologia na linha de pesquisa Processos Psicossociais em Saúde, com o tema Rede Assistencial para Usuários de Álcool e outras Drogas: Desenvolvimento de um Modelo de Planejamento Baseado em Necessidades. É pesquisadora do Centro de Referência em Pesquisa, Intervenção e Avaliação em Álcool e Outras Drogas (CREPEIA) e atuou em processos formativos para profissionais da saúde e da assistência social de municípios de pequeno e médio porte.

A palestra ocorre no Anfiteatro da Suprema, às 11h, e não é necessário realizar inscrição previamente.